Mesmo com intervenção militar, roubos de cargas crescem no Rio
A ocorrência de roubos de cargas no Rio de Janeiro vem mostrando uma ascensão vertiginosa nos últimos anos. Os números de março deste ano são 3,5 vezes maiores que os do mesmo período de 2013, subindo de 262 para 917 registros em cinco anos. Nem mesmo a intervenção federal no Estado conseguiu reduzir altos índices do crime.
O diretor de segurança do Sindicarga (Sindicato de Empresas de Transporte Rodoviário e Logística do Rio de Janeiro), coronel Venâncio Moura, afirmou que vem observando o aumento dos índices de roubo de carga desde 2014. Segundo ele, as autoridades de segurança do Estado foram advertidas, mas não houve resposta. "Em 2014, percebemos que o tráfico de drogas entrou no roubo de cargas. Informamos, na época, o secretário [José Mariano] Beltrame, mas ele negligenciou. Na época, era localizado, acontecia no Chapadão e Pedreira [comunidades na zona norte]. Eu alertei que poderia se espalhar para outros lugares. Tínhamos média de 3.600 roubos por ano. Em 2014, subiu para quase 5.890. No ano passado, foram mais de 10 mil. Esse ano, já no primeiro trimestre, já estamos com mais de 2.636. Esse primeiro trimestre é o pior na série histórica. Já alertamos, mas nada foi feito. Precisa haver uma ação contundente, com recursos humanos e de equipamento na polícia", disse.
A intervenção federal na segurança pública do Rio teve início em fevereiro deste ano. Neste período, foram registrados 742 roubos de carga. Após o primeiro mês da ação das Forças Armadas, o número aumentou para 917. Coronel Venâncio não vê nenhuma melhora nos índices após o decreto do presidente do Michel Temer. "Essa intervenção federal não diminuiu o roubo de cargas. Pelo contrário, aumentou. Houve um aumento substancial nos índices. Porque perceberam [os bandidos] que a polícia não tem recursos. As Forças Armadas esperam aporte financeiro. Esse R$1 bilhão que vão receber chega só para tapar buraco", afirmou. No caso dos celulares roubados dentro do aeroporto, três homens vestidos com uniformes parecidos com os dos funcionários entraram no galpão da empresa Gol e roubaram um carregamento de celulares Samsung S9, estimado em R$ 3,8 mil cada. Os aparelhos têm rastreadores, que teriam indicado a Favela Nova Holanda, na Penha, como destino do roubo. A Polícia Militar confirmou que o 22º BPM (Maré) foi acionado, mas que não se direcionou ao local por acreditar que não se tratava de uma emergência, "já que a carga foi roubada no dia anterior, e este tipo de ação noturna demanda planejamento prévio que considere a segurança de moradores e policiais militares e os protocolos estabelecidos em decisão da 6ª Vara de Fazenda Pública de Comarca da Capital". A Secretaria de Estado de Segurança informou, por meio de nota, que vem tentando combater o crime com a criação do Grupo Integrado de Enfrentamento ao Roubo de Cargas, através da integração das forças de segurança do Estado e da União. Além disso, a entidade afirmou que vem realizando ações, como a Operação Dínamo, iniciada na última semana, em locais onde a mancha criminal do roubo de veículos é alta, baseando a estratégia na análise de dados do ISP (Instituto de Segurança Pública).
Riscos Brasil